NADANDO DE

BRAÇADA

Semana 9 - Risco

Olá! Na semana passada, abordamos Private Equity e Venture Capital.  Continuaremos nossa jornada falando sobre Riscos! Vamos nessa?

O risco pode ser definido como a probabilidade de perda ou ganho numa decisão de investimento. Representa o grau de incerteza ou volatilidade do retorno de um investimento. Normalmente, o risco tem relação direta com o nível de retorno dos investimentos: quanto maior o risco, maior o potencial de retorno do investimento.

Há o risco sistemático, que é a parte da volatilidade do ativo que tem sua origem em fatores comuns a todos os ativos do mercado. Podemos citar, como exemplo, o resultado das eleições presidenciais que pode afetar os investimentos e todos os ativos do mercado.

O risco não sistemático ou específico é a parte da volatilidade do ativo que tem sua origem em características específicas do ativo. Como exemplo, podemos citar o aumento de custos e insumos de itens necessários para a empresa.

Uma maneira de reduzir o risco específico é através da diversificação. O que pode ser feito? Distribuir seus recursos em diferentes tipos de investimento. Veja uma possibilidade (são muitas e você precisa definir a distribuição, considerando a necessidade dos recursos e seu apetite a risco): colocar 10% dos recursos em ativos mais conservadores, 50% em fundos de renda fixa indexados à inflação, 20% em fundo imobiliário e 20% em ações. A diversificação ajuda a reduzir os riscos de perdas, porem o risco sistemático não pode ser reduzido, nem mesmo com a diversificação dos ativos.

Risco de Liquidez

O risco de liquidez é subdividido em duas partes: (I) risco de liquidez de financiamento e (II) risco de liquidez de mercado.

  • O risco de liquidez de financiamento ocorre quando uma entidade é incapaz de pagar suas dívidas ou cumprir as obrigações de caixa.
  • Risco de liquidez de mercado (também conhecido como risco de liquidez de negociação) refere-se a perdas decorrente de uma incapacidade temporária de encontrar um comprador para determinado ativo. Caracteriza-se quando o ativo possui muitos vendedores e poucos compradores. Este risco pode prejudicar a capacidade de uma entidade de transformar ativos em dinheiro. As transações com um elemento de imediatismo podem precisar ser realizadas com um desconto significativo, que normalmente se traduz em perdas financeiras.

Risco de Crédito

O risco de crédito é o risco associado a perdas decorrentes do descumprimento de um tomador de recursos financeiros em fazer pagamentos de juros ou principal. O risco de crédito tem dois componentes: risco de inadimplência e gravidade da perda.

  • Risco de inadimplência: é a probabilidade de que um tomador (emissor do título) deixe de pagar juros ou o principal quando devido.
  • Perda em caso de inadimplência, severidade ou gravidade da perda: são termos que se referem ao valor que um investidor em títulos perderá, se o emissor descumprir os pagamentos de juros ou principal.

A perda esperada é igual ao risco de inadimplência multiplicado pela severidade da perda. A perda esperada também pode ser um valor monetário ou uma porcentagem do valor de um título. Já a taxa de recuperação é a porcentagem do valor de um título que um investidor receberá, se o emissor da dívida descumprir o acordo.

Os títulos com risco de crédito são negociados com rendimentos mais elevados do que os títulos considerados livres de risco de crédito. A diferença no rendimento entre um título com risco de crédito e um título sem risco de crédito, tendo maturidade semelhante, é chamada de spread de rendimento. Por exemplo, se um título corporativo de 7 anos for negociado a um spread de +300 pontos-base (ou basis point) para os títulos do Tesouro e, considerando um rendimento do Tesouro de 7 anos de 4,0%, o rendimento do título corporativo será de 4,0% + 3,0%, ou seja 7,0%.

Cada categoria de dívida de um mesmo emissor é classificada de acordo com uma prioridade de reivindicações em caso de inadimplência.  A dívida pode ser classificada em:

  • Dívida garantida: é suportada por alguma proteção
  • Dívida não garantida: representa uma reivindicação geral para os ativos e fluxos de caixa do emissor.

A dívida garantida tem maior prioridade de reivindicações do que a dívida não garantida.

As agências de classificação de crédito atribuem classificações aos títulos com risco de crédito semelhante. As agências de classificação avaliam o emissor (ou seja, a empresa que emite os títulos) e os ativos em questões. As classificações do emissor são baseadas na qualidade de crédito geral da empresa.

Triple A (AAA ou Aaa) é a classificação mais alta. Títulos com classificações de Baa3 / BBB- ou superiores são considerados grau de investimento. Títulos classificados como Ba1 / BB + ou inferior são considerados grau de não investimento e são frequentemente chamados de títulos de alto rendimento ou junk bonds.

Risco País

O risco país vem da possibilidade de um país não honrar com suas dívidas e compromissos, ou seja, não ter capacidade de gerar recursos para o pagamento de suas obrigações com credores.

Também pode ser gerado pelo risco político ou soberano, quando se criam restrições ao livre fluxo de capitais, impondo controles cambiais que impossibilitam a remuneração dos investidores externos. Alguns fatos que podem trazer este tipo de restrição são: golpes militares, políticas econômicas, resultado de novas eleições, entre outros.

Risco de Mercado

O risco de mercado refere-se ao fato de que os preços e taxas de mercado estão continuamente em um estado de mudança. Os quatro subtipos principais de risco de mercado são: risco de taxa de juros, dos preços de ações, risco cambial e risco de preço de commodities. A chave para mitigar estes riscos é entender a relação entre as posições.

Risco de taxa de juros

Refere-se à incerteza decorrente de mudanças nos níveis das taxas de juros. Se as taxas de juros do mercado aumentarem, o valor dos títulos diminuirá. De forma contraria, se as taxas de juros do mercado diminuírem, o valor dos títulos aumentará.

Risco de preço de ações

Refere-se à volatilidade dos preços de ações, que podem ser divididos em duas partes.

  • Risco geral de mercado
    É a sensibilidade do preço de uma ação em mudanças nos índices de mercado amplo
  • Risco específico
    É a sensibilidade do preço de uma ação devido a fatores específicos da empresa.

O risco geral de mercado não pode ser diversificado, enquanto o risco específico pode ser reduzido através da diversificação dos investimentos.

Risco cambial

Refere-se a perdas monetárias, que surgem tanto de posições parciais quanto totais em moeda estrangeira, e que não utilizam mecanismos financeiros de proteção contra flutuações do câmbio.

Risco de preço de commodities

Refere-se à volatilidade de preços de commodities (por exemplo, metais básicos e produtos agrícolas).

Mensuração de Risco – Value at Risk (VAR) 

É um modelo quantitativo para avaliarmos os riscos. Muitos gestores de fundos utilizam essa medida para saber até que ponto uma determinada carteira pode se desvalorizar diante de um cenário ruim. Isso acaba sendo bastante útil, pois ajuda o gestor a formar uma carteira com diferentes riscos e adequá-la para diferentes perfis de investidores.

Dessa maneira, os gestores de fundos, por exemplo, conseguem ter versões mais arrojadas ou mais conservadoras, utilizando como parâmetro o cálculo do VAR de forma que atraiam o interesse dos mais diferentes públicos aos seus produtos.

Um dos conceitos necessários para calcular o VAR é a distribuição Normal, que trata de uma distribuição dos resultados dos valores que uma variável assume. Ela é chamada de “normal” porque a maior parte dos valores observados está próxima da média dessa variável. Ela tem o seguinte aspecto:

Desvio Padrão que basicamente é como (e quanto) uma determinada variável desvia de sua média. É uma medida de dispersão, portanto.

Intervalo de confiança: É uma medida que nos apoia sobre a probabilidade uma informação aleatória da variável cair no intervalo próximo à média. Os intervalos de confiança geralmente são de 90%, 95% e 99%.

Para calcular o VAR, é necessária uma amostra e a distribuição dos retornos dos ativos da carteira em análise. Com o desvio padrão, o VaR pode ser calculado e se tem qual a probabilidade de perda máxima a ser obtida, investindo num determinado ativo com um intervalo de confiança. Se temos um VaR calculado de 5%, com um intervalo de confiança de 99%, isso nos diz que a perda máxima que um investimento poderia sofrer é de 5%, como ele é de 99%, isso quer dizer que em 100 casos, existe 1 chance de a perda ser maior do que a estimativa (5%).

Risco versus retorno

Considerando que os investidores são racionais, entendemos que eles só estarão dispostos a correrem maior risco em uma aplicação financeira para ir em busca de maiores retornos. Segundo o princípio da dominância, entre dois investimentos de mesmo retorno, o investidor prefere o de menor risco e entre dois investimentos de mesmo risco, o investidor prefere o de maior rentabilidade.

Esperamos que tenha aprendido um pouco mais sobre Riscos e as variáveis envolvidas. Na próxima semana, falaremos de Investimentos como um todo. Não perca! Até lá!

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