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BRAÇADA

Semana 8 - Private Equity e Venture Capital

Olá! Na semana passada, falamos sobre Fundos de Investimentos Imobiliários. Seguiremos nessa semana abordando sobre Private Equity e Venture Capital. Vamos lá?

Conhecido também como capital de risco, as operações de Private Equity e Venture Capital são atividades na qual, por meio de fundos de investimentos ou veículos de investimento próprio, investidores injetam capital em empresas em troca de participações societárias. Durante o período aplicado, conhecido como período de monitoramento, o fundo investidor geralmente contribui tanto com a injeção de capital, quanto com auxílio na estratégia e gestão da empresa. A expectativa é de geração de lucro com uma futura venda da participação como acionista.

No Brasil, a aplicação por fundos de investimentos se dá pelas categorias de FIPs (Fundos de Investimentos em Participações) ou FMIEEs (Fundos Mútuos de Investimentos em Empresas Emergentes). Ambos são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários.

Há uma modalidade semelhante ao Private Equity, mais focada em empresas emergentes, chamada usualmente de Venture Capital. De forma geral, objetiva empresas recém-criadas (startups), com pequeno porte mas grande potencial de crescimento. É uma operação conhecida como capital de risco, pela aposta em empresas recém criadas podem não obter o crescimento desejado, seja por não possuir um mercado formado, seja pela falta de competitividade frente ao existente. Nesse artigo, no entanto, focaremos em Private Equity.

Private Equity 

É uma modalidade focada em empresas consolidadas, com bom faturamento e um relevante potencial de crescimento. De forma geral, são empresas de capital fechado, e o intuito é prepará-las para abertura de capital, ou uma eventual fusão ou venda para investidor estratégico. Não há um setor específico para aplicação, sendo as empresas avaliadas individualmente, bem como os setores de atuação. A expectativa do lucro com a venda futura passa por diversos fatores, como melhora da imagem da empresa perante o mercado, aumento de recursos, diversificação do risco do negócio e aumento da competitividade.

Fundos de Investimentos em Participações

O processo de constituição de um FIP consiste no cumprimento de algumas etapas, que são conhecidas como ciclo de investimento, no qual parte pela captação de recursos, originação da estrutura, seleção dos investimentos, estruturação dos investimentos, acompanhamento e desinvestimento. Em linhas gerais, os investimentos em Private Equity possuem uma vida útil de 10 anos, prazo pelo qual consegue-se passar por todo o processo e realizar a venda da participação

Fundos de Investimentos em Participações

Captação de Recursos


O primeiro passo para a constituição de um fundo de participações consiste na captação de recursos, ou seja, juntar uma série de investidores para começar a originar os investimentos nas empresas. O processo de captação permite ao gestor avaliar, em um primeiro momento, a disponibilidade de recursos que haverá para investir nas empresas e direcionar os possíveis investimentos conforme as disponibilidades.

Originação e Seleção dos Investimentos


1. A originação dos investimentos pode ser feita de forma passiva ou ativa pelos gestores. Na forma passiva, os gestores aguardam contato de empreendedores e proprietários das empresas para lhes propor oportunidades de investimento. Já na originação ativa, os gestores selecionam e procuram as empresas diretamente. Devido à baixa participação da indústria de PE no mercado brasileiro, os gestores costumam ser bastante ativos na procura de empresas para investir, isso lhes garante apresentar propostas a empresas que não procurariam investidores dessa natureza, seja por desconhecimento, seja por uma eventual resistência à venda de participação societária. Adicionalmente, uma busca ativa por empresas pode trazer ao gestor frente a algum fundo concorrente.

2. Após o contato inicial com a empresa, são desenvolvidos estudos e entrevistas para avaliação do negócio. A avaliação consiste em uma série de fatores que são estudados, qualitativamente e quantitativamente. Pelo aspecto qualitativo, são estudados fatores como característica da gestão atual da empresa, experiência, processos internos, governança, riscos regulatórios e legais, bem como uma avaliação aprofundada dos processos de recursos humanos, com o objetivo de entender a cultura da empresa e pessoas chave para o negócio. Pelo prisma quantitativo, a empresa é avaliada por meio de modelos de finanças (valuation, fluxo de caixa descontado), de forma a obter uma correta precificação do negócio e projetar a empresa frente aos cenários estudados.

3. Após a avaliação do valor da empresa e dos processos nela empregados, inicia-se o período de negociação. Além do preço a ser definido no negócio, são discutidos aspectos importantes de governança. Geralmente são incluídos na negociação questões como tag/drag along, direito a indicar a gestão e direito a veto, como forma de proteger o fundo e garantir a manutenção do negócio conforme estudado.

4. Todos os pontos superados, é feito o aporte de capital pelo fundo, adquirindo uma parcela do capital da empresa.

Acompanhamento do Investimento


Durante esse período, conforme destacam (Fried e Hisrich, 1995), a participação do fundo na empresa é essencial, tanto quanto ao capital investido, quanto a contribuição na gestão do negócio. Tal participação pode ser feita por meio de conselhos de administração, indicação e seleção de profissionais executivos, bem como contato direto e reuniões com clientes importantes da empresa. Os autores ainda destacam que a participação mais relevante tange à gestão financeira, constituindo “um importante apoio na compreensão de cenários macroeconômicos e na realização de projeção desses cenários para o futuro, o que pode ser extremamente importante sobretudo em situações de incerteza e crise econômica”.

Desinvestimento


Após a maturação do negócio, chega-se à etapa de desinvestimento, que é o ciclo final do negócio. A forma de realizar a movimentação pode ter impacto significativo no lucro do investidor, portanto, merece uma especial atenção ao movimento. As principais alternativas para venda da participação acionária consistem nas ofertas públicas iniciais de ações (IPO) e nas vendas para investidores estratégicos ou acionistas. O estudo realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em 2018, mostra que 65% dos desinvestimentos são feitos nestas condições.

O estudo ainda demonstra que em 87% das movimentações apresenta a saída do fundo antes ou junto com o empresário, o que indica a manutenção da continuidade do negócio por parte do fundador.

Oferta Pública Inicial (IPO)

Em inglês, IPO é a sigla para “Initial Public Offering”, que é a abertura de capital da empresa ao mercado, recebendo recursos no caixa com o movimento. O IPO traz à empresa acesso a capital, liquidez e melhora a imagem da companhia, dado os requisitos de governança requeridos para o movimento.

Vendas para Investidores Estratégicos

Outra alternativa importante para o desinvestimento dos fundos é a venda para investidores estratégicos, que podem tratar-se de empresas com negócios concorrentes ou complementares. Neste cenário, porém, a venda pode resultar na substituição do controle da empresa dos fundadores.

Vendas para Acionistas

Neste modelo de desinvestimento, o acionista recompra a parcela anteriormente vendida ao fundo. Além de retomar o controle total da empresa, ele garante a estabilidade do negócio e o controle da empresa.

Entretanto, o estudo realizado pelo Insper indica que o momento do desinvestimento é o principal fator para conflitos de interesse e desalinhamentos, das as expectativas de cada agente sobre o negócio.

Custos e Tributação

Os custos de um fundo de participações é semelhante aos demais fundos de investimentos, com cobrança de taxa de administração, taxa de custódia, taxa de performance e os demais custos fixos, como auditoria. A taxa de administração é calculada e provisionada diariamente, conforme patrimônio do fundo.

Fundos de Investimentos em participações estão sujeitos à retenção de imposto de renda, com alíquota fixa em 15%, considerando o ganho obtido com a venda das cotas ou em caso de resgate.

Vantagens e Desvantagens

Assim como outros tipos de investimentos, existem algumas vantagens e desvantagens de investir em fundos de Private Equity, sendo as mais relevantes: 

E aí, gostou do conteúdo? Prepare-se que, na próxima semana, falaremos sobre riscos de mercado, crédito e liquidez. Até lá!

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