Veja o seguinte exemplo e escolha o que você prefere:
- Ter 85% de chance de ganhar R$ 1.000 ou ter a certeza de ganhar R$ 800.
- Ter 85% de perder R$ 1.000 ou ter uma perda certa de R$ 800.
- Na primeira decisão, a grande maioria das pessoas prefere o ganho certo, ou seja, as pessoas são avessas ao risco.
- Na segunda decisão, a grande maioria das pessoas prefere apostar, arriscando a ter uma perda maior do que a que teria se escolhesse a segunda alternativa. Acabam, assim, tornando-se tomadores de risco.
Tudo isso também se aplica às nossas decisões sobre investimentos, sobre previdência. Nosso comportamento financeiro costuma ser influenciado pelas heurísticas.
Para você ter uma ideia de como algumas pessoas investem recursos sob o efeito dos vieses comportamentais, veja o que está acontecendo com a Poupança. Um artigo publicado pelo Uol em agosto de 2020 apresentou informações sobre a captação da Poupança: de janeiro a julho do corrente ano, período no qual estivemos a maior parte e ainda estamos vivenciando uma pandemia, a Poupança, apesar de render pouco, continua recebendo muito dinheiro dos brasileiros.
Analisando sob o foco da economia comportamental, descrevemos abaixo alguns fatores que podem enviesar o aporte de dinheiro na poupança:
– Pela Ancoragem: a pessoa, por ter escutado de familiares que investir na Poupança é a melhor opção, leva isso consigo para a vida toda, sendo isso uma âncora para a decisão de deixar o dinheiro na poupança.
– Pela Disponibilidade, que influencia a decisão pela lembrança que vem a nossa mente e aparece muito no comportamento geral por conta da relevância dos fatos que lembramos com mais facilidade, uma pessoa investe na poupança porque é o que ouvia em casa e, às vezes, também em conversas com amigos. Por que vai buscar algo diferente se a poupança sempre foi apresentada como algo mais garantido? A pessoa tem familiaridade com o termo Poupança, então esse é o investimento que vem à mente, quando tem algum dinheiro para investir.
– Pelo enquadramento, uma pessoa concentra sua atenção em opções específicas e aparentemente atraentes, ignorando toda a gama de opções disponíveis. É muito mais fácil uma pessoa deixar o dinheiro na poupança do que buscar outras opções no mercado.
Esses são alguns dos muitos vieses que norteiam nossas decisões na hora de investir, fazendo com que apliquemos nossos recursos em opções que talvez não sejam as melhores.
Você deve ter notado, ao longo do texto, que a Economia Comportamental está no seu dia a dia e talvez nem perceba. Assim, vamos procurar nos “Re-enviesar” ou “Des-enviesar”? Em outras palavras, vamos tentar alterar ou reduzir os efeitos dos vieses em nossas vidas ou utilizá-los de uma forma mais adequada?